A principal prevenção que deve ser realizada para os quadros de depressão é a mudança nos hábitos de vida. O paciente precisa manter uma dieta saudável, instituir atividades de lazer, manter o ambiente em que vive mais organizado e sem fatores estressores, fazer o tratamento para outros transtornos mentais e comorbidade pré-existentes, além de praticar exercícios físicos regularmente.
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O exercício físico e a atividade física podem ser um coadjuvante na prevenção e no tratamento da depressão. Através deles, é possível promover a redução dos sintomas depressivos nos indivíduos sem comorbidade e a prevenção da doença. Ademais, são diversos os benefícios a curto e longo prazo que o paciente adquire com a prática, como: melhora no condicionamento físico; redução da perda de massa óssea e muscular; aumento da força; melhora na coordenação motora e no equilíbrio; redução da intensidade dos pensamentos negativos; redução de outras comorbidades, bem como, o controle das pré-existentes; e promoção da melhoria do bem-estar e do humor.
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Atividade física é qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que resulta em gasto energético maior do que o dos níveis de repouso. Já o exercício é uma atividade física planejada, estruturada e repetitiva, que tem como objetivo final ou intermediário aumentar ou manter a saúde/aptidão física (MORAES, v. 29, n. 1, p. 70-9, 2007).
Outra forma de prevenção recomendada é a realização de psicoeducação. Ela pode ser feita através projetos contínuos, (em escolas, faculdades, locais de trabalho, etc.) que sensibilizam os pacientes para os riscos de transtornos mentais, e principalmente, depressão.
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Além disso, dentro desse contexto também deve ser estimulada a participação em grupos voltados para a depressão. Considerando que, atualmente, os pacientes estão de forma alarmante expostos aos fatores de risco, os grupos com esse foco de prevenção podem ser importante método de redução da frequência de aparecimento de episódio depressivo e da gravidade desses sintomas.
2. Prevenção de recaídas
2.1. Prevenção da depressão pós AVC
Alguns estudos sugerem a seguinte comprovação: nos casos de pacientes que tem um episódio de AVC, os que são tratados com escitalopram são 4,5 vezes menos propensos a desenvolver depressão do que os pacientes que receberam.
2.2. Prevenção de recaídas e recorrências depressivas através da Terapia cognitiva-comportamental
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Considerando que a depressão para a grande maioria dos indivíduos é uma condição crônica ou recorrente, tem se pensando que a questão de que a capacidade de uma intervenção de prevenção da volta dos sintomas após o fim do tratamento é tão importante quanto sua capacidade de tratar o episódio vivido atualmente pelo paciente.
A terapia cognitivo comportamental é estruturada e atua principalmente no presente. Ela pode ajudar o paciente a ser o seu próprio terapeuta, atuando sobre pensamentos automáticos, e a partir disso, influenciando todo o caminho até o comportamento. O paciente aprende a lidar com os problemas e como reagir diante deles, e isso, reduz consideravelmente as recaídas.
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3. Prevenção ao suicídio
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A mortalidade por suicídio está aumentando de forma significativa nos últimos anos, situando-se entre as 10 principais causas de morte. Ele aflige todas as faixas etárias, e é mais frequente em adolescentes e adultos jovens. Este fenômeno representa um sério problema de saúde pública, além de uma grave tragédia pessoal.
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Os pensamentos de morte recorrentes e a ideação suicida fazem parte dos critérios de diagnóstico de depressão de acordo com o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais). Esses sintomas da doença não significam depressão grave, mas significa que podem ocorrer na depressão de qualquer intensidade, revelando-se ainda mais importante a sua prevenção.
De acordo com dados do Centro de Valorização da Vida, em uma sala com 30 pessoas, 5 delas já pensaram em suicídio. Além disso, também informa que 17% dos brasileiros, em algum momento, pensaram seriamente em dar um fim à própria vida. São dados alarmantes, principalmente se pensarmos nos índices diários: 25 brasileiros morrem por dia vítimas de suicídio, 1 pessoa suicida a cada 40 segundos no mundo.
A partir dessas informações, torna-se claro, a grande necessidade de ações no campo da prevenção que objetivem a diminuição dos índices de tentativas e de suicídios completados. Logo, existem as recomendações do plano nacional de prevenção apresentadas que podem ser agrupadas em três aspectos fundamentais:
Ampliação da conscientização da comunidade acerca do suicídio e seus fatores de risco;
Intensificação de programas e serviços de conscientização e de assistência ao indivíduo em risco e;
Ampliação e aprimoramento sobre o tema, de forma a aumentar o leque de recursos de prevenção e de ação sobre o suicídio.
3.1. Questões Relativas ao Gênero
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Prevalência maior no sexo feminino.
Em mulheres, o risco de tentativas de suicídio é mais alto. Entretanto, elas quase sempre não são bem sucedidas nas tentativas, tendo o risco de suicídio completo mais baixo.
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Prevalência menor no sexo masculino.
O risco de suicídio também é mais baixo. Entretanto eles conseguem mais facilmente executar a tarefa por usarem formas mais violentas, tendo um risco de suicídio completo mais alto.
Apesar disso, não existem diferenças claras entre os gêneros quando se trata da manifestação de sintomas, curso da depressão, resposta ao tratamento ou consequências funcionais da patologia.
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Referências
DE SOUZA, Bruno Pinatti Ferreira; JUNIOR, Marco Antonio Abud Torquato; SOARES, Simone Maria de Santa Rita. Prevenção de depressão pós-AVC. Archives of Clinical Psychiatry, v. 37, n. 4, p. 182-182, 2010.
ALMEIDA, Alexander Moreira de; LOTUFO NETO, Francisco. Revisão sobre o uso da terapia cognitiva-comportamental na prevenção de recaídas e recorrências depressivas. Rev Bras Psiquiatr, v. 25, n. 4, p. 239-44, 2003.
AMARAL, Geraldo Francisco do et al. Sintomas depressivos em acadêmicos de medicina da Universidade Federal de Goiás: um estudo de prevalência. Rev Psiquiatr Rio Gd Sul, v. 30, n. 2, p. 124-30, 2008.
MORAES, Helena et al. O exercício físico no tratamento da depressão em idosos: revisão sistemática. Rev Psiquiatr Rio Gd Sul, v. 29, n. 1, p. 70-9, 2007.
BOTEGA, Neury José et al. Prevenção do comportamento suicida. Psico, v. 37, n. 3, p. 5, 2006.
BAHLS, Saint-Clair. Aspectos clínicos da depressão em crianças e adolescentes. Jornal de Pediatria, v. 78, n. 5, p. 359-366, 2002.
ASSOCIAÇÃO PSIQUIÁTRICA AMERICANA. DSM 5. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
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